Fideísmo
O fideísmo é a
posição que defende que a fé e a razão são incompatíveis e que só a fé permite
acreditar em Deus.
A fé na existência de Deus não pode ser justificada com
argumentos.
A falta de boas razões para acreditar na existência de
Deus não é uma boa razão para não ter fé.
Só a fé nos pode pôr em contacto com Deus.
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Texto 1: Aposta de Pascal
O grande matemático e filósofo
francês, Blaise Pascal (1632–1662), argumentou a favor da existência de Deus
de maneira algo diferente:
“Deus existe ou Deus não
existe... Que apostarás tu? De acordo com a razão, não poderás
fazer nem uma coisa nem outra; de acordo com a razão não poderás defender
nenhuma das opções... mas tens de apostar. [E quanto à] tua felicidade?
Pesemos ganhos e perdas apostando que Deus existe... Se ganhares (a aposta),
ganhas tudo; se perderes, não perdes coisa alguma. Aposta então, sem
hesitação, que Ele existe”.
A base da aposta de Pascal
parece ser esta: temos de apostar (acreditar) em que Deus existe ou em que
Deus não existe. Se Deus não existe, aquilo em que apostarmos fará pouca
diferença. Mas se existir, fazemos um grande negócio. Assim, a pessoa esperta
ou sensata apostará (acreditará) que Deus existe.
Howard
Kahane, Há boas razões para acreditar que Deus existe? In Crítica
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1- Formule o argumento da aposta de Pascal.
Texto 2: Objeções à aposta de Pascal
Em primeiro lugar, Pascal está
enganado na sua crença de que devemos apostar contra ou a favor da existência
de Deus. Podemos optar por permanecer nas margens, como faz o agnóstico.
Claro que nesse caso podemos perder o prémio, se houver um prémio, por termos
apostado incorretamente. Mas Pascal não pode provar que há tal prémio.
Em segundo lugar, a aposta não
é tão simples como Pascal pensou porque há um número indefinido de possíveis
criadores. O Deus cristão comum em quem Pascal apostou é apenas um deles.
Assim, o número de possibilidades para apostar é muito maior do que duas e os
jogadores racionais não têm a possibilidade de escolher mesmo que queiram
escolher um Deus ou outro. Por outras palavras, se a aposta de Pascal faz
sentido, será tão razoável apostar num deus-lua ou deus-sol como no Deus
judeu, cristão ou muçulmano.
E, finalmente, não há prova ou
razão para supor que ganhamos um prémio se apostarmos no Deus que de facto
exista. Porque não podemos pressupor sem razões que Deus recompense os
crentes ou que puna os descrentes. (De facto, em última análise o próprio
Pascal apelou à revelação ou fé). Pelo contrário, as intuições de muitos de
nós dizem precisamente o contrário talvez porque quando nos tentamos pôr no
lugar de Deus, percebemos que estaríamos inclinados a considerar que a crença
baseada na aposta de Pascal é hipócrita. Deus, se existir, pode
impressionar-se bem mais com a honestidade daqueles que não conseguiram
apostar (acreditar) na ausência de provas do que com aqueles que acreditam
porque pensam que é prudente fazê-lo.
Howard Kahane, Há boas
razões para acreditar que Deus existe? In Crítica
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Questões:
1. Explique as objeções, referidas no texto, ao argumento da aposta Pascal.
2. Haverá mais razões para considerar que a aposta de Pascal não é um bom argumento?
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