O mesmo acontece com os dons da fortuna. Poder, riqueza, honra, mesmo a saúde e todo o bem-estar e contentamento com a sua sorte, sob o nome de felicidade dão ânimo que muitas vezes por isso mesmo desanda em soberba, se não existir também a boa vontade que corrija a sua influência sobre a alma e juntamente todo o princípio de agir e lhe dê utilidade geral; isto sem mencionar o facto de que um espectador razoável e imparcial, em face da prosperidade ininterrupta duma pessoa a quem não adorna nenhum traço duma pura e boa vontade, nunca poderá sentir satisfação, e assim a Boa Vontade parece constituir a condição indispensável do próprio facto de sermos dignos da felicidade.
(...)
A boa vontade não é boa por aquilo que se promove ou realiza, pela aptidão para alcançar qualquer finalidade proposta, mas tão-somente pelo querer, isto é, em si mesma, e, considerada em si mesma, deve ser avaliada em grau muito mais alto do que tudo o que por se intermédio possa ser alcançado em proveito de qualquer inclinação, ou mesmo, se quiser, da soma de todas as inclinações.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes
BOA VONTADE
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A única coisa
intrinsecamente boa em si mesma (todas as outras qualidades são avaliadas em
função dos seus resultados)
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Vontade de agir por
dever (cumpre o dever de forma incondicional em toda e qualquer circunstância).
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Cumpre o que a lei
moral exige por puro e simples respeito por ela
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Cumpre o
dever de forma autónoma fazendo da lei moral um imperativo categórico,
absoluto.
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