É importante notar
que o tópico do inatismo é distinto da questão do a priori. O inatismo não diz respeito à justificação; é apenas uma noção
temporal que tem que ver com a questão de perceber se certos conceitos, crenças
ou capacidades são possuídos à nascença. A categoria do a priori, no entanto, destaca as verdades em que temos justificação
para acreditar sem atendermos à nossa experiência.
Foi sugerido que averiguar
se temos capacidades ou crenças inatas é uma questão empírica. A questão mais
importante, porém – aquela que divide o empirista e o racionalista – é se
alguma das nossas crenças ou capacidades específicas são adquiridas. Podemos
ver que estas questões são independentes atendendo à possibilidade de podermos
ter crenças inatas que não possuem justificação a priori. Mesmo que eu tenha uma crença de Deus à nascença,
subsiste a questão de perceber se esta crença é justificada, se o empirista
poderia argumentar que para isso seriam precisas provas empíricas.
O conhecimento a priori é obtido por intuição e pelo
raciocínio, e a justificação que este tipo de conhecimento encerra não depende
da nossa experiência do mundo. Os racionalistas sustentam que um conhecimento
deste tipo nos pode proporcionar verdades substanciais e sintéticas acerca do
mundo; os empiristas argumentam que só pode proporcionar-nos verdades
«triviais», relativas ao significado das nossas palavras.
Dan O'Brien, Introdução à Teoria do Conhecimento, pag.75
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