Teoria histórica da arte



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Painéis de S. Vicente





            Texto 1

“De acordo com Levinson, o que conta não é, como na teoria institucional, o ato de alguém propor um objeto para apreciação em nome de uma suposta instituição, mas antes a intenção de um indivíduo independente - isto é, que não pensa ou decide em nome de ninguém - o próprio titular ou criador do objeto. Assim, em vez de um ato manifesto, há uma intenção manifesta; e em vez de alguém que age em nome de uma entidade misteriosa, há o autor da obra que procede de forma independente.”
                                                                                     Aires Almeida, A definição da arte


           Questões:

            1- Compare a teoria institucional com a teoria histórica, no âmbito do que é referido no texto.                   2- O que têm em comum a teoria institucional e a teoria histórica?
          


Segundo as teorias históricas, o que define a arte é o facto de todas as obras de arte se relacionarem com as anteriores.
Algo é arte se, e só se, alguém com direitos de propriedade sobre uma obra tem a intenção não passageira de que esta seja perspetivada como outras obras de arte anteriores.
Condições necessárias:
  • Direito de propriedade sobre o objeto em questão (o artista não pode transformar em arte objetos que não lhe pertencem).
  • Intenção duradoura ou séria (não pode ser passageira ou meramente ilustrativa).
  • Historicidade, a existência de precedentes históricos (o artista pretende criar obras que sejam vistas como o foram obras do passado).





Um novo olhar - Setas para o infinito: Arte Portas Abertas: cor e ...
Objeção
Condição necessária do direito de propriedade 
Íris Cor de Mel: Agosto 2017


       

Linha Transversal" de Kandinsky, quadro de museu, reprodução.


Estas obras deixariam de ser arte se os artistas as tivessem pintado numa fachada de um edifício?
La Tour – MARIA MADALENA PENITENTE - VÍRUS DA ARTE & CIA.






Texto 2: A teoria histórica de Levinson

[…]
Segundo Levinson, a arte é necessariamente retrospetiva, uma vez que a criação artística estabelece uma relação apropriada com a atividade e o pensamento humanos que se traduziram na história efetiva da arte. É essa relação que determina aquilo que a arte é, o seu carácter ontológico, e explica a unidade da arte através do tempo.
 A definição histórica de arte é formulada por Levinson do seguinte modo: X é uma obra de arte se, e só seX é um objeto acerca do qual uma pessoa ou pessoas, possuindo a propriedade apropriada sobre X, têm a intenção não-passageira de que este seja perspetivado-como-uma-obra- -de-arte, i.e., perspetivado de qualquer modo (ou modos) como foram ou são perspetivadas corretamente (ou padronizadamente) obras de arte anteriores.
A definição histórica indica condições necessárias e suficientes para haver arte, aplicando-se assim – acredita Levinson – a toda a arte possível. Fornece ainda um critério de identificação que permite distinguir as obras de arte dos meros objetos comuns que não são arte. Para que possamos avaliá-la convenientemente, consideremos cada uma das condições apontadas.
A primeira condição é a do direito de propriedade: o artista não pode transformar em arte objetos que não lhe pertençam ou em relação aos quais não esteja devidamente autorizado a agir pelos seus proprietários. Com esta condição Levinson reduz substancialmente o universo de possibilidades da criação artística e afasta-se definitivamente da imagem caricatural do artista que faz arte através da mera nomeação de um qualquer objeto que passa então a usufruir do estatuto de obra de arte. A oposição à teoria Institucional de Dickie é uma presença declarada na proposta Histórica, e este é um dos pontos que a tornam mais evidente.
 A segunda condição é a existência de um certo tipo de intenção que relaciona a arte do presente com a arte do passado. Ter uma intenção, neste caso, é ter um propósito ou uma finalidade em mente, e desenvolver uma ação para o atingir. Esta pode consistir em fazer, apropriar-se ou conceber algo. […]

                                                                      Paula Mateus, A teoria histórica de Levinson

      Questões:

      1. Segundo a teoria histórica, quais as condições necessárias e suficientes para que um algo seja               arte?
      2.  Que objeções se podem colocar à teoria histórica da arte?  



       Objeção à condição necessária que se refere ao direito de propriedade:
Os artistas podem não ter o direito de propriedade sobre algumas obras.
Exemplos: Os garffiters que fazem criações artísticas em fachadas, muros … que não lhes pertencem; artistas que criam as suas obras com materiais que não são seus.
    Objeção à condição necessária da intencionalidade:
Há obras de arte que não foram criadas com a intenção não passageira de que fossem encaradas como as obras de arte precedentes.
Exemplos: O caso de Kafka que não teve a intenção de que as sua obras “O Processo” e “O castelo fossem perspetivadas como obras de arte, tendo pedido a sua destruição, depois da sua morte.
    Algumas formas de perspetivar a arte no passadonão são válidas atualmente.
    Esta teoria não explica a razão por que a primeira obra de arte é considerada arte.







        

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