Painéis de S. Vicente
Texto 1
“De acordo com Levinson, o que
conta não é, como na teoria institucional, o ato de alguém propor um objeto
para apreciação em nome de uma suposta instituição, mas antes a intenção de
um indivíduo independente - isto é, que não pensa ou decide em nome de
ninguém - o próprio titular ou criador do objeto. Assim, em vez de um ato
manifesto, há uma intenção manifesta; e em vez de alguém que age em nome de
uma entidade misteriosa, há o autor da obra que procede de forma independente.”
Aires Almeida, A definição da arte
|
Questões:
1- Compare a teoria institucional com a teoria histórica, no âmbito do que é referido no texto. 2- O que têm em comum a teoria institucional e a teoria histórica?
Segundo as teorias históricas, o que define a arte é o facto de todas as obras de arte se relacionarem com as anteriores.
Algo é arte se, e só se, alguém com direitos de
propriedade sobre uma obra tem a intenção não passageira de que esta seja perspetivada
como outras obras de arte anteriores.
Condições necessárias:
|
Objeção
Condição necessária do direito de propriedade
|
Estas obras deixariam de ser arte se os artistas as tivessem pintado numa fachada de um edifício? |
Texto 2: A teoria histórica de Levinson
[…]
Segundo
Levinson, a arte é necessariamente retrospetiva,
uma vez que a criação artística estabelece uma relação apropriada
com a atividade e o pensamento humanos que se traduziram
na história efetiva da arte. É essa relação que
determina aquilo que a arte é, o seu carácter ontológico, e explica a unidade
da arte através do tempo.
A definição
histórica de arte é formulada por Levinson do seguinte modo: X
é uma obra de arte se, e só se, X é um objeto
acerca do qual uma pessoa ou pessoas, possuindo a propriedade apropriada
sobre X, têm a intenção não-passageira de que este seja
perspetivado-como-uma-obra- -de-arte, i.e., perspetivado de qualquer
modo (ou modos) como foram ou são perspetivadas corretamente (ou
padronizadamente) obras de arte anteriores.
A definição
histórica indica condições necessárias e suficientes para
haver arte, aplicando-se assim – acredita Levinson – a toda a arte possível.
Fornece ainda um critério de identificação que permite
distinguir as obras de arte dos meros objetos comuns que não são arte. Para
que possamos avaliá-la convenientemente, consideremos cada uma das condições
apontadas.
A primeira
condição é a do direito de propriedade: o artista não pode
transformar em arte objetos que não lhe pertençam ou em relação aos quais não
esteja devidamente autorizado a agir pelos seus proprietários. Com esta
condição Levinson reduz substancialmente o universo de possibilidades da
criação artística e afasta-se definitivamente da imagem caricatural do
artista que faz arte através da mera nomeação de um qualquer objeto que passa
então a usufruir do estatuto de obra de arte. A oposição à teoria
Institucional de Dickie é uma presença declarada na proposta Histórica, e
este é um dos pontos que a tornam mais evidente.
A
segunda condição é a existência de um certo tipo de intenção que relaciona
a arte do presente com a arte do passado. Ter uma intenção,
neste caso, é ter um propósito ou uma finalidade em mente, e desenvolver uma
ação para o atingir. Esta pode consistir em fazer, apropriar-se ou conceber
algo. […]
Paula Mateus, A teoria
histórica de Levinson
|
Questões:
1. Segundo a teoria histórica, quais as condições necessárias e suficientes para que um algo seja arte?
2. Que objeções se podem colocar à teoria histórica da arte?
1. Segundo a teoria histórica, quais as condições necessárias e suficientes para que um algo seja arte?
2. Que objeções se podem colocar à teoria histórica da arte?
‒ Objeção à condição necessária que se refere ao
direito de propriedade:
Os artistas podem não ter o direito de propriedade
sobre algumas obras.
Exemplos: Os garffiters que fazem criações artísticas em
fachadas, muros … que não lhes pertencem; artistas que criam as suas obras
com materiais que não são seus.
‒ Objeção à condição necessária da
intencionalidade:
Há obras de arte que não foram criadas com a intenção não passageira de
que fossem encaradas como as obras de arte precedentes.
Exemplos: O caso de Kafka que não teve a intenção de
que as sua obras “O Processo” e “O castelo fossem perspetivadas como obras de
arte, tendo pedido a sua destruição, depois da sua morte.
‒ Algumas formas de perspetivar a arte no
passado já não são válidas atualmente.
‒ Esta teoria não explica a razão por que a
primeira obra de arte é considerada arte.
|
Sem comentários:
Enviar um comentário