segunda-feira, 5 de maio de 2014

O Gosto e a Beleza


Caravaggio

As teorias baseadas na subjetividade do gosto

1. Algumas explicações caracterizam-se por definir as noções de "bom" (esteticamente) e de "valor estético" em termos dos estados psicológicos dos sujeitos. [...] Daí que o valor estético não seja uma qualidade percetível nos objetos, como a cor ou a dimensão, mas sim uma relação que consiste no facto de alguém tomar uma atitude determinada a respeito deles. A tarefa da avaliação da arte reduz-se inteiramente à manifestação dos nossos gostos e preferências a respeito das obras de arte.

A forma mais simples e mais divulgada deste ponto de vista é o subjectivismo pessoal, para o qual "bom" é definido em termos de uma referência direta ou indireta ao emissor. "X é esteticamente bom" ou "X tem valor estético" significa "Eu gosto de X". Há no entanto tantas formas de subjetivismo quantas as formas de classificar pessoas. Por exemplo, "X é esteticamente bom" significa "Todos os indivíduos da espécie humana gostam de X" ou "Os mais conceituados críticos de arte gostam de X". Mas como o subjetivismo pessoal é o mais vulgarizado, limitar-nos-emos a ele.
O subjetivismo tem uma certa plausibilidade, dado que há efetivamente uma relação frequente, embora não necessária [...], entre as qualidades que reconhecemos a um objeto e e o facto de gostarmos dele e, a ser correto, teria algumas vantagens manifestas. [...] Permitiria explicar um fenómeno embaraçoso para as teorias filosóficas do valor que é a variabilidade, de época para época, do que é considerado esteticamente bom. Se o subjetivismo tem razão, este fenómeno é facilmente explicável, uma vez que é admitido que os gostos estão sujeitos a amplas variações.

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                                                    Carmo D'Orey, "O Gosto e a Beleza, in A Arte de Pensar

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