Se um ser sofre, não
pode haver justificação moral para a recusa de tomar esse sofrimento em
consideração. Independentemente da natureza do ser, o princípio da igualdade
exige que o sofrimento seja levado em linha de conta em termos igualitários
relativamente a um sofrimento semelhante de qualquer outro ser, tanto quanto é possível
fazer comparações aproximadas.
Se um determinado ser não é capaz de sofrer nem
de sentir satisfação nem felicidade, não há nada para tomar em consideração. É
por isso que o limite da senciência (para usar o termo como uma abreviatura
conveniente, ainda que não estritamente precisa, da capacidade de sofrer ou de
sentir prazer ou felicidade) é a única fronteira defensável da preocupação com
o interesse alheio. Marcar esta fronteira com alguma característica como a
inteligência ou a racionalidade seria marcá-la de modo arbitrário.
Peter Singer, Ética Prática
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