Magritte
Quando
olhamos para os objetos exteriores à nossa volta e consideramos a
operação das causas, nunca somos capazes de identificar, num caso
singular, qualquer poder ou conexão necessária, qualquer qualidade que
ligue o efeito à causa e torne o primeiro uma consequência infalível da
segunda.
O
impulso da primeira bola de bilhar é seguido pelo movimento da segunda,
e isso é tudo ao que é dado aos nossos sentidos externos. O espírito
não sente qualquer impressão ou sentimento interno devido a uma sucessão
de objetos. Em consequência, em nenhum caso singular, particular, de
causa e efeito, há alguma coisa capaz de sugerir a ideia de poder ou de
conexão necessária.
Parece
então que esta ideia de conexão necessária entre eventos surge de uma
multiplicidade de casos similares de conjunção constante entre esses
eventos, e esta ideia nunca pode ser sugerida por qualquer desses casos
singulares (…). Mas numa multiplicidade de casos nada há que seja
diferente de cada um dos casos individuais que se supõe serem
exactamente similares, a não ser que, depois da repetição de casos
similares, a mente é levada pelo hábito, quando aparece um dos eventos, a
esperar o seu acompanhante usual e a acreditar que ele vai ocorrer.
Portanto esta conexão que sentimos na mente, esta transição costumeira
de um objeto para o seu acompanhante habitual, é o sentimento ou
impressão a partir do qual formamos a ideia de conexão necessária.
David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano
O hábito explica as inferências causais
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As inferências causais pressupõem o princípio da uniformidade da natureza, que não é justificável.
Mas não podemos deixar de raciocinar causalmente
As inferências causais não são racionalmente justificáveis, mas são psicologicamente explicáveis.
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Resultam do hábito ou costume –
sempre que a mente humana constata repetidamente que acontecimentos de
um certo tipo (A) são seguidos por acontecimentos de outro tipo (B) cria a expectativa que sempre que ocorra (A), se siga (B)
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Conexão necessária Ligação entre causa e efeito (o efeito tem de resultar da causa)
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Raciocínio causal
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Um acontecimento causa outro – existe uma conexão necessária entre os acontecimentos – o efeito segue-se inevitavelmente à causa.
Qual a origem da ideia de conexão necessária?
A ideia teria de resultar de uma impressão (princípio da cópia)
Não temos impressão da ideia de conexão necessária
A conexão necessária não pode ser observada
↓
Só podemos observar a conjunção constante entre fenómenos -
acontecimentos de um certo tipo (A) são seguidos por acontecimentos de outro tipo (B)
↓cria a expectativa que sempre que ocorra (A), se siga (B)
A
ideia de conexão necessária consiste num sentimento de expectativa
produzido pelo hábito de observar a conjunção constante entre fenómenos.
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