Monet
Mediante que argumento se poderia
provar que as perceções da mente têm de ser causadas por objetos exteriores
completamente diferentes delas, embora se lhes assemelhem (se isso for
possível), e que não poderiam derivar, seja da força da própria mente, seja da
sugestão de algum espírito invisível e desconhecido, seja de alguma causa ainda
mais desconhecida? Reconhece-se que, de facto, muitas dessas perceções não
surgem de algo exterior, como nos sonhos, na loucura e noutras doenças. […]
Saber se as perceções dos sentidos
são produzidas por objetos que se lhes assemelham constitui uma questão de
facto. Como deve ser decidida esta questão? Pela experiência, certamente, como
no caso de outras questões de idêntica natureza. Mas aqui a experiência
permanece – e tem de permanecer — inteiramente em silêncio. Nada está jamais
presente ao espírito a não ser as perceções, e ele não tem maneira de conseguir
qualquer experiência da conexão das perceções com os objetos. A hipótese dessa
conexão não tem, portanto, qualquer fundamento no raciocínio.
[…] Este é, portanto, um tópico
em que os céticos mais profundos e filosóficos sempre triunfam, quando se
esforçam por introduzir uma dúvida universal em todos os objetos de
conhecimento e investigação humanos. Seguindo os instintos e tendências naturais,
poderiam eles dizer, ao admitir a veracidade dos sentidos? Mas eles levam-vos a
acreditar que a própria perceção, ou imagem sensível, é o objeto exterior.
Recusais esse princípio, adotando uma posição mais racional, segundo a qual as
perceções são apenas representações de alguma coisa exterior? Mas aqui
afastais-vos das vossas propensões naturais e das vossas crenças mais óbvias e,
mesmo assim, não sois capazes de satisfazer a vossa razão, a qual continua a
ser incapaz de encontrar, a partir da experiência, qualquer argumento convincente
para provar que as perceções estão ligadas a quaisquer objetos exteriores.
David Hume, Investigação sobre
o Entendimento Humano
- Explique a posição de Hume sobre a crença na realidade do mundo físico.
- Qual a posição de Descartes sobre esta questão (a realidade do mundo físico)?
ASPETOS
DE COMPARAÇÃO
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DESCARTES
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HUME
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A origem do conhecimento
Qual a
fonte prioritária de conhecimento?
A razão/ pensamento ou os sentidos?
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O
pensamento ou razão é a principal
fonte de conhecimento.
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A principal fonte do conhecimento está nas impressões dos sentidos.
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A origem das ideias
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Temos ideias inatas (ex: Deus)
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-
Não temos ideias inatas.
-
Todas as ideias têm origem nas impressões dos sentidos
(até a ideia de Deus)
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A natureza da mente
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A
mente é uma substância pensante,
sem extensão, que suporta as nossas ideias.
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A
mente reduz-se a um agregado de
perceções.
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Fundamento do conhecimento
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O
fundamento do conhecimento é racional
(a
priori), cogito e ideias claras
e distintas.
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-
O fundamento é empírico (a
posteriori), encontra-se na vivacidade que os dados dos sentidos
deixam na nossa mente.
-
Não temos conhecimento a priori
sobre questões de facto.
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Validade do conhecimento
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A
existência de Deus garante que as
nossas faculdades, devidamente utilizadas, proporcionam o conhecimento.
O
conhecimento obtido por dedução (a
partir de premissas verdadeiras) é infalível,
absolutamente certo.
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O conhecimento que se obtém por indução não pode ser considerado absolutamente certo (problema da
indução), mesmo que parta de premissas verdadeiras.
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O que podemos saber?
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Podemos
saber que somos seres pensantes, que temos corpo, que Deus existe e que o
mundo físico existe.
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-
Só podemos saber o que tem origem nas impressões sensíveis.
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Quando ultrapassamos o testemunho dos sentidos e da memória,
apoiamo-nos em suposições que não podemos justificar.
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Não podemos conhecer as relações de causa e efeito (não podemos
justificar a crença na uniformidade da natureza)
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Não sabemos que o mundo exterior existe.
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A resposta aos céticos
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Os céticos foram refutados
(recorrendo à própria dúvida cética).
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Temos
que moderar as nossas pretensões ao
conhecimento. (ceticismo moderado)
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