Posição original e véu de ignorância
Texto 1: Posição original e véu de ignorância
A ideia da posição original é a
de estabelecer um processo equitativo, de forma a que quaisquer princípios
escolhidos sejam justos. O objetivo é usar a noção de justiça processual pura
como base para a teoria. Temos de algum modo de anular os efeitos das
contingências específicas que levam os sujeitos a oporem-se uns aos outros e
que os fazem cair na tentação de explorar as circunstâncias naturais e sociais
em seu benefício.
J. Rawls, Uma Teoria da Justiça (adaptado)
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1. A teoria de Rwals é um exemplo de contratualismo, porquê?
2. O que é a posição original? Qual a sua função?
3. Por que razão Rawls imagina que a escolha dos princípios de justiça deve decorrer sob um véu de ignorância?
Texto 2: Estratégia maximin
Ora, sob o véu de ignorância,
as pessoas querem princípios de justiça que lhes permitam ter o melhor acesso
possível aos bens sociais primários. E, como não sabem que posição têm na
sociedade, identificam-se com qualquer outra pessoa e imaginam-se no lugar
dela. Desse modo, o que promove o bem de uma pessoa é o que promove o bem de
todos e garante-se a imparcialidade. O véu de ignorância é assim um teste
intuitivo de justiça: se queremos assegurar uma distribuição justa de peixe
por três famílias, a pessoa que faz a distribuição não pode saber que parte
terá; se queremos assegurar um jogo de futebol justo, a pessoa que estabelece
as regras não pode saber se a sua equipa está a fazer um bom campeonato ou
não. Imagina os seguintes padrões de distribuição de bens sociais primários
em mundos só com três pessoas:
Mundo 1: 9, 8, 3;
Mundo 2: 10, 7, 2; Mundo 3: 6, 5, 5.
Qual destes mundos garante o
melhor acesso possível aos bens em questão? Lembra-te que te encontras
envolto no véu de ignorância. Arriscas ou jogas pelo seguro? Tentas maximizar
o melhor resultado possível ou tentas maximizar o pior resultado possível?
Rawls responde que a tua intuição de justiça te conduzirá ao mundo 3. A
escolha racional será essa. A estratégia de Rawls é conhecida como “maximin”,
dado que procura maximizar o mínimo. (Repara que a soma total de bens sociais
do mundo 1 é 20, ao passo que no mundo 3 a soma total é apenas 16. Por outras
palavras, o mundo 3 é menos rico do que o mundo 1, mas mais igualitário.)
Nessa medida, defende que devemos escolher, de entre todos as situações
possíveis, aquela em que a pessoa menos favorecida fica melhor em termos de
distribuição de bens primários. É verdade que os outros dois padrões de
distribuição têm uma utilidade média mais alta. (A utilidade média obtém-se
somando a riqueza total e dividindo-a pelas pessoas existentes. A utilidade
média do mundo 1 é 6,6 e a do mundo 3 é de apenas 5,3.) Todavia, como só tens
uma vida para viver e nada sabes sobre qual será a tua posição mais provável nos
outros dois padrões, a escolha do mundo 3 é mais racional e ao mesmo tempo
mais compatível com as tuas intuições de igualdade e justiça. E o que diz o
princípio da diferença? Diz precisamente que a sociedade deve promover a
distribuição igual da riqueza, exceto as desigualdades económicas e sociais
que beneficiam os menos favorecidos. Afinal, parece que nenhuma das
desigualdades dos mundos 1 e 2 traz benefícios para os menos favorecidos.
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Questões:
1. Explique, por que razão o " véu de ignorância é assim um teste intuitivo de justiça".
2. Em que consiste a regra (ou estratégia) maximin?.
Posição original e véu de ignorância
Rawls é contratualista e, como tal, considera que os princípios corretos de justiça seriam aqueles que seriam escolhidos num acordo entre os interessados.
Para descobrirmos os princípios da sociedade justa devemos imaginar uma situação de partida, Posição Original, hipotética, em que indivíduos racionais estão a coberto de um Véu de Ignorância desconhecendo a sua posição na sociedade e as suas características particulares.
A experiência mental de situação original, sob um véu de ignorância garante a imparcialidade na escolha dos princípios.
Na posição original desconhecemos se somos homem ou mulher, qual a nossa raça, nacionalidade, classe social ou projetos de vida; assim, não serão escolhidos princípios que favoreçam alguns. (não deveremos, no entanto, desconhecer o que é necessário para viver bem).
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Bens primários
As partes contratantes querem
obter para si determinados bens: Liberdades, oportunidades e riqueza.
Estes bens são bens primários,
necessários aos nossos objetivos (seja qual for o nosso projeto de vida).
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Regra maximin
O procedimento de escolha (dos
princípios de justiça) mais racional é aquele em que as partes contratantes
jogam pelo seguro, imaginando o pior que lhes pode acontecer. Por isso irão
escolher os princípios que garantam a melhor situação aos mais desfavorecidos.
A sua regra de escolha será a
maximin: maximizar o mínimo.
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