Henri Matisse, La dance
Kant foi o primeiro a reconhecer uma pergunta propriamente filosófica na experiência da arte e do belo. Ele procurava uma resposta à pergunta: que é que deve ser vinculante na experiência do belo quando «encontramos algo que é belo», para que não se expresse apenas uma mera reacção subjectiva do gosto? Aqui, desde logo, não há uma universalidade como a das leis físicas, que explicam a individualidade do sensível como mais um caso. Que verdade encontramos no belo que se torna comunicável? Seguramente, nenhuma verdade e nenhuma universalidade como a que podemos empregar na universalidade do entendimento. Mas, apesar disso, a classe de verdade que encontramos na experiência do belo reivindica de modo inequívoco que a sua validade não é meramente subjectiva. Caso contrário, significaria que carecia de carácter vinculativo e de exactidão. Quem acredita que algo é belo não diz, por exemplo, só que gosta, como poderia gostar de uma comida. Se eu encontro algo belo, então quero dizer que é belo. Ou, parafraseando Kant: exijo a aprovação universal.
H. G. Gadamer, A Actualidade do Belo
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