sexta-feira, 22 de outubro de 2010

As questões da filosofia



A partir da análise de 3 textos identificámos as questões da filosofia e reflectimos sobre a sua natureza.
Destes textos extraímos algumas ideias importantes: há perguntas que foram colocadas desde sempre pelos homens, porque há dúvidas e inquietações comuns aos homens desde sempre; as questões da filosofia são questões essenciais e fundamentais acerca do sentido da nossa existência; a maior parte das pessoas, num ou noutro momento da vida já se interrogaram sobre elas; as questões da filosofia dirigem-se à essência das coisas, perguntam o que as coisas são e qual o seu sentido.
Concluímos que as questões filosóficas incidem nos problemas do ser humano. São questões essenciais acerca do sentido da nossa existência. São radicais porque se dirigem à essência das coisas. Os problemas filosóficos são relativos às nossas crenças básicas e não podem ser resolvidos pelos métodos das ciências. As perguntas da filosofia incidem sobre toda a realidade e na medida em que são partilhadas por todos os homens, são universais. Mas o modo de colocar as questões depende da época histórica.
                                                                                                                    Ana Filipa

O valor da Filosofia





O valor da filosofia, na realidade, deve ser buscado, em grande medida, na sua própria incerteza. O homem que não tem umas tintas de filosofia caminha pela vida afora preso a preconceitos derivados do senso comum, das crenças habituais de sua época e do seu país, e das convicções que cresceram no seu espírito sem a cooperação ou o consentimento de uma razão deliberada. Para tal homem o mundo tende a tornar-se finito, definido, óbvio; para ele os objectos habituais não levantam problemas e as possibilidades não familiares são desdenhosamente rejeitadas. Quando começamos a filosofar, pelo contrário, imediatamente nos damos conta (como vimos nos primeiros capítulos deste livro) de que até as coisas mais ordinárias conduzem a problemas para os quais somente respostas muito incompletas podem ser dadas. A filosofia, apesar de incapaz de nos dizer com certeza qual é a verdadeira resposta para as dúvidas que ela própria levanta, é capaz de sugerir numerosas possibilidades que ampliam nossos pensamentos, livrando-os da tirania do hábito. Desta maneira, embora diminua nosso sentimento de certeza com relação ao que as coisas são, aumenta em muito nosso conhecimento a respeito do que as coisas podem ser; ela remove o dogmatismo um tanto arrogante daqueles que nunca chegaram a empreender viagens nas regiões da dúvida libertadora; e vivifica nosso sentimento de admiração, ao mostrar as coisas familiares num determinado aspecto não familiar.

                                                                                         Bertrand Russell, O Valor da Filosofia

domingo, 17 de outubro de 2010

Aprendiz de filósofo




“[…] Ao aprendiz de filósofo (ao jovem aprendiz, pretendo eu dizer, e na minha qualidade de aprendiz mais velho), rogo que se não apresse a adoptar soluções, que não leia obras de uma só escola ou tendência, que procure conhecer as argumentações de todas, e que queira tomar como primário escopo a singela façanha de compreender os problemas: de compreendê-los bem, de os compreender a fundo, habituando-se a ver as dificuldades reais que se deparam nas coisas que se afiguram fáceis ao simplismo e à superficialidade do que se chame «senso comum (a filosofia é, em não pequena parte, a luta do bom senso contra o «senso comum)». António Sérgio
Os conselhos que o aprendiz mais velho dá ao iniciante são:
-        Não ter pressa de chegar a conclusões.
-        Não ler obras de uma só escola, que tenham o mesmo modo de interpretar a realidade, a mesma posição face perante um problema.
-        Procurar conhecer todas as posições, interpretações e argumentações relativas a um problema.
-        Procurar conhecer, querer compreender os problemas para ter consciência das dificuldades que parecem facilidades para o modo de ver do senso comum.
                                                                                                             Joana Conceição

sábado, 16 de outubro de 2010

O que é a filosofia - O que nos diz Descartes


Na nossa oitava aula de Filosofia debruçamos a nossa atenção na interpretação de dois textos: um excerto do Prefácio de Princípios de filosofia”, de Descartes; e O valor da filosofia” por Bertrand Russell. O objectivo é foi de reflectir um pouco mais sobre a questão fundamental desta nossa iniciação à disciplina: “ O que é a filosofia?”(...)
Depois da leitura do o texto de Descartes, esquematizámos as ideias principais, tomando como ponto de partida a “pequena, grande frase”: “ Viver sem filosofar equivale realmente a ter os olhos fechados sem nunca procurar abri-los”. (...)
 “Viver sem filosofar”, enquadra-se em viver sem se interrogar/questionar/problematizar; viver sem pensar/reflectir; viver sem procurar conhecer a realidade que nos rodeia. E tudo isso equivale a “ ter os olhos fechados sem nunca procurar abri-los”. Por sua vez esta última citação significa o mesmo que viver na ignorância sem ter sede de procurar conhecer mais, outras verdades e conhecendo a realidade apenas por aquilo que os sentidos, a experiência adquirida pelo senso-comum, permitem.
Concluímos também a partir do excerto “ Viver sem filosofar” que, pela Filosofia se faz a distinção entre a aparência e a realidade.
A Filosofia procura conhecer a realidade, tem uma dimensão Teórica; mas a Filosofia permite reflectir sobre as nossas acções /opções, conduz a nossa vida/existência, e por isso tem uma dimensão prática.
Depois da elaboração deste esquema e de o termos compreendido na sua totalidade, estávamos aptos a responder correctamente às questões que se seguiam ao texto.
Mas não ficámos por aqui; Havia ainda outro texto para interpretar: O texto “O valor da filosofia”, por Bertrand Russell.
Para este texto fizemos uma interpretação oral/dialogada, cada um dos alunos tentou chegar a uma conclusão (...)Depois de um trabalho conjunto entre professora e alunos concluímos que: A Filosofia não chega a saberes feitos, mas que abre possibilidades e horizontes. O valor da filosofia está em grande medida na sua incerteza, na capacidade de nos interrogarmos e questionarmos até o que parece óbvio.  Pois quando “filosofamos”, por assim dizer, damos conta que o óbvio pode não passar de uma aparência.
Estas duas interpretações levam-nos a pensar na importância de filosofar, de não ficarmos no conforto da ignorância, de não vermos apenas aquilo que os sentidos ou o saber do dia a dia  permitem, pois “quando filosofamos, damos conta que o óbvio… não é assim tão óbvio”.
Luís Costa

A ALEGORIA DA CAVERNA E A CONDIÇÃO HUMANA


Imagem tirada do Blog:http:
//hermes-embuscadesophia.blogspot.com/2008/07/o-significado-filosfico-da-alegoria-da.html

A ALEGORIA DA CAVERNA
Sócrates – Agora imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoço acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores dos “robertos” armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.
Glauco – Estou vendo.
Sócrates – Imagina agora, ao longo desse muro, homens que transportam objectos de toda espécie, que o ultrapassam: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio.
Glauco – Um quadro estranho e estranhos prisioneiros.
Sócrates – Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e dos seus companheiros, mais do que as sombras projectadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica de fronte?

Sócrates


UMA VIDA NÃO EXAMINADA NÃO MERECE SER VIVIDA
Sócrates (470 a.C- -390 a.C)